A busca por uma aparência idealizada tem levado muitas pessoas a considerar procedimentos estéticos como solução para suas insatisfações corporais.
Por SBCP
No entanto, em alguns casos, essa insatisfação pode ser sintoma de um transtorno psicológico mais profundo: o Transtorno Dismórfico Corporal (TDC).
O TDC é caracterizado por uma preocupação obsessiva com defeitos percebidos na aparência física, que são inexistentes ou mínimos aos olhos dos outros. Essa preocupação pode levar a comportamentos compulsivos, como verificar-se constantemente no espelho, buscar procedimentos estéticos repetidamente e evitar situações sociais.
Um estudo publicado na Revista Brasileira de Cirurgia Plástica (RBCP) realizou uma meta-análise de 15 publicações e constatou que aproximadamente 12,5% dos pacientes candidatos ou submetidos a procedimentos estéticos na especialidade de cirurgia plástica apresentam TDC. Os valores individuais dos estudos analisados variaram entre 3,16% e 53,57%, indicando uma ampla gama de prevalência dependendo da população estudada.
Além disso, um estudo realizado no Serviço de Cirurgia Plástica e Queimados do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC) encontrou uma prevalência de 43,1% de TDC entre pacientes candidatos à cirurgia plástica estética. Este estudo utilizou o questionário Body Dysmorphic Disorder Examination (BDDE) para avaliação.
Esses dados ressaltam a importância de o cirurgião plástico estar atento às questões psicológicas do paciente antes da realização dos procedimentos estéticos, visando identificar casos de TDC e encaminhá-los para o tratamento adequado.
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) enfatiza a importância do diagnóstico destes pacientes, evitando intervenções cirúrgicas que não trarão satisfação ao paciente e podem até agravar o quadro psicológico.
O tratamento mais eficaz para o TDC envolve terapia cognitivo-comportamental e, em alguns casos, o uso de medicamentos antidepressivos.
É fundamental que profissionais da área da saúde estejam atentos aos sinais do TDC e encaminhem os pacientes para o tratamento adequado. A cirurgia plástica deve ser uma ferramenta para melhorar a autoestima e o bem-estar, não uma tentativa de corrigir distorções perceptivas causadas por transtornos psicológicos.
Se você ou alguém que conhece apresenta preocupação excessiva com a aparência, procure ajuda de um profissional de saúde mental. O cuidado com a mente é tão importante quanto o cuidado com o corpo.