A toxina botulínica é uma substância amplamente utilizada na medicina, mas sua história começa longe da estética.
Por SBCP
Inicialmente, seu uso era voltado para finalidades terapêuticas, como o tratamento de distúrbios neuromusculares — incluindo o estrabismo, blefaroespasmo e a distonia cervical. Com o tempo, seus efeitos relaxantes sobre a musculatura chamaram a atenção para uma nova aplicação: a atenuação de linhas de expressão e rugas faciais.
O uso da toxina botulínica com fins estéticos começou a se popularizar na década de 1990, com a liberação da substância para esse fim nos Estados Unidos. No entanto, o Brasil teve papel pioneiro nesse processo. Segundo o Dr. Paulo Keiki Matsudo, membro titular da SBCP desde 1978 e membro da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica Estética:
“Nós publicamos o primeiro trabalho científico sobre o uso da toxina botulínica para rejuvenescimento facial. Esse trabalho foi apresentado nos Estados Unidos em 1995 e publicado em 1996 na revista “Aesthetic Plastic Surgery”. Até então, não existia nenhum artigo científico documentando o uso da substância na motricidade facial com esse fim.”
O especialista destaca que o pioneirismo brasileiro ajudou a definir as condutas relacionadas ao botox no rejuvenescimento facial, tanto no aspecto preventivo quanto no uso associado a cirurgias ou de forma isolada.
Além da área estética, a toxina botulínica continua sendo empregada em diversas condições médicas, como bruxismo, hiperidrose (suor excessivo) e enxaqueca crônica — o que comprova que seus benefícios vão muito além da aparência.
Atualmente, a faixa etária dos 20 aos 30 anos representa uma parcela crescente entre os pacientes que buscam a aplicação da toxina com objetivo preventivo, principalmente para a suavização precoce das marcas de expressão. De acordo com dados da American Society of Plastic Surgeons, houve um aumento de 28% nesse tipo de procedimento entre jovens adultos desde 2010.

Para o Dr. Matsudo, essa procura precoce deve ser avaliada com critério:
“É aquele assunto do copo meio cheio e meio vazio. Existem, sim, indicações totalmente absurdas feitas sem necessidade. Mas, quando há marcas de expressão ou assimetrias, a toxina botulínica pode ser utilizada com ótimos resultados — independente da idade. O que não pode acontecer é a banalização do procedimento.”
Outro ponto fundamental é a segurança da aplicação. O cirurgião plástico destaca que a formação médica é essencial para garantir resultados naturais e evitar exageros:
“O cirurgião plástico tem, na sua formação, seis anos de medicina, três anos de cirurgia geral e três de cirurgia plástica. Ele é o mais habilitado para conhecer os movimentos da face e o equilíbrio entre os pares musculares. Isso evita transformações artificiais e garante que os rostos não fiquem como ‘pinguins de geladeira’, sem expressão.”
Além da qualificação profissional, outros cuidados são indispensáveis, como a escolha do produto, seu armazenamento e as condições do local onde será realizado o procedimento.
“O paciente deve procurar um profissional habilitado, com formação reconhecida pela Associação Médica Brasileira. Também deve se informar sobre o ambiente da aplicação e se o produto foi armazenado corretamente. Todos esses fatores influenciam na segurança e na qualidade do resultado”, alerta o Dr. Matsudo.
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) reforça que qualquer procedimento estético, mesmo os minimamente invasivos como a aplicação da toxina botulínica, deve ser realizado por médicos capacitados. Uma avaliação criteriosa é fundamental para garantir a indicação correta, a segurança do paciente e a preservação da naturalidade dos resultados.
A decisão de realizar um procedimento estético deve ser sempre acompanhada de informação, profissionalismo e responsabilidade. Quando bem indicada e realizada por especialistas, a toxina botulínica pode trazer benefícios estéticos e funcionais importantes — inclusive para os mais jovens.