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Membrana amniótica passa a ser usada no SUS e amplia recursos da cirurgia plástica

By 8 de August de 2025No Comments

O Sistema Único de Saúde (SUS) vai começar a oferecer, nos próximos meses, uma nova terapia para o tratamento de queimaduras graves: o transplante de membrana amniótica — tecido que envolve o feto durante a gestação e que normalmente é descartado após o parto.

Por SBCP

A técnica, aprovada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) em maio de 2025, será utilizada como um curativo biológico, capaz de acelerar a cicatrização, reduzir infecções e minimizar a formação de cicatrizes hipertróficas e queloides.

Segundo o Ministério da Saúde, a membrana atua como “uma barreira natural contra bactérias, além de diminuir a formação de cicatrizes hipertróficas e queloides”. O material será processado por bancos de tecidos e distribuído a hospitais públicos com capacidade técnica para aplicação do método.

Para a cirurgiã plástica Thais Monte, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), a novidade representa um reforço importante nas fases iniciais e intermediárias do tratamento.

“A cirurgia plástica é fundamental no tratamento de queimaduras, desde a fase inicial até a reabilitação. Na fase aguda, ela promove o fechamento adequado de feridas e a prevenção de complicações como infecções”, explica.

“Utilizamos diferentes técnicas para minimizar sequelas, melhorar a elasticidade da pele, aliviar dores e devolver mobilidade e autoestima para esses doentes”, completa.

Nova tecnologia em um cenário crítico

A incorporação da membrana amniótica ocorre em um momento delicado. Somente entre 2022 e 2023, o SUS registrou cerca de 14 mil internações de crianças e adolescentes por queimaduras — com média de 20 hospitalizações por dia na faixa etária entre 0 e 19 anos. Desse total, mais de 6,4 mil casos envolveram crianças de 1 a 4 anos, grupo mais vulnerável a acidentes domésticos, principalmente em períodos de férias escolares.

“As queimaduras não afetam apenas o corpo, mas também o estado emocional do paciente”, ressalta.

“Esse aspecto influencia diretamente a autoimagem e pode dificultar a adesão ao tratamento, tornando o acompanhamento psicológico essencial.”, finaliza. 

Triagem rigorosa e uso controlado

A Conitec reforça que a aplicação da membrana seguirá protocolos rígidos: exige autorização da doadora, testes sorológicos e processamento adequado em bancos de tecidos. A proposta é utilizar um material biológico de alto valor terapêutico que, até então, era descartado, contribuindo para o avanço de uma medicina mais eficiente e acessível.

A introdução da membrana amniótica no SUS marca um avanço significativo na abordagem das queimaduras, especialmente em pacientes com lesões profundas. Com impacto direto na cicatrização, no alívio da dor e na prevenção de sequelas, a nova técnica reforça a importância do cuidado multidisciplinar e da atuação de cirurgiões plásticos especializados. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica destaca que a inovação deve ser acompanhada por protocolos seguros e profissionais qualificados, garantindo tratamentos mais eficazes.